A energia assume um papel cada vez mais relevante na economia global. Pelo fato de atuar como um fator promotor ou restritivo do desenvolvimento, a disponibilidade de energia estabelece a relação de poder entre as nações. Porém, ao mesmo tempo que a segurança energética se apresenta como uma grande preocupação, os modelos de oferta de energia adotados pelos diversos países ainda representam um enorme desafio na direção de um desenvolvimento global sustentável.
As expectativas atuais indicam que a demanda mundial por energia deverá crescer fortemente nas próximas duas décadas, em grande parte impulsionada pelo crescimento das economias dos países emergentes. Isso significa dizer que todas as formas de energia são necessárias e que a oferta de todos os tipos de energia deverá crescer: renováveis, hidráulica, solar, eólica, fóssil e outras.
Nesse contexto, a participação das fontes renováveis no mix de oferta de energia também terá de crescer, com o apoio decisivo dos instrumentos de política econômica e da pesquisa e inovação tecnológica.
Em um cenário em que a participação das energias renováveis na matriz energética global seja cada vez mais significativa, o futuro da madeira é muito promissor. Afinal de contas, as formas convencionais de energia ainda são inacessíveis para a grande maioria da população mundial e, em muitos países, a madeira ainda é o principal energético. Aliás, é sempre bom lembrar que a madeira é o combustível mais antigo da humanidade.
Ainda hoje, a energia da madeira é responsável por cerca de 7% do total da energia consumida no mundo. Grande parte desse consumo, na forma de lenha e carvão vegetal, destina-se à cocção de alimentos e, portanto, se apresenta como um ingrediente-chave para a segurança alimentar em várias nações.
Contudo, a efetiva contribuição da madeira para a geração de energia é negligenciada mesmo por aqueles que atuam no segmento florestal. Apesar de mais de 55% da produção florestal mundial ser utilizada para o suprimento de energia, as florestas ainda não são devidamente manejadas e aproveitadas com efetividade para esse fim.
Ao contrário, a maior parte dos quase 2 bilhões de metros cúbicos de madeira destinados ao uso energético não têm origem sustentável. São processados de maneira inadequada – com baixa agregação tecnológica e de valor – e convertidos em energia de forma pouco eficiente. Considerando o crescimento populacional e a tendência de aumento da demanda de madeira e seus derivados para energia, torna-se imperativo o aumento da capacidade de oferta de produtos florestais.
Assim, a bioenergia florestal apresenta-se como uma típica oportunidade “ganha-ganha”, pois contribui para a segurança energética, a mitigação das emissões, o estabelecimento de uma economia verde e, fundamentalmente, para a valorização das florestas, aumentando a sua competitividade, e para a ampliação do manejo florestal sustentável em escala mundial para todos os tipos de florestas.
Apesar das crises econômicas e das turbulências dos mercados financeiros, o mundo continua a crescer. O Brasil, com sua economia em boas condições, uma reconhecida aptidão para a produção primária e 60% do seu território cobertos com florestas, deve ampliar vigorosamente os investimentos no setor florestal a fim de se apresentar para o mundo como o maior produtor de bioenergia florestal.
Para tanto, será necessário reduzir os entraves ao manejo florestal – empresarial, comunitário e familiar –, ampliar a oferta de florestas naturais para a produção sustentável e a área de florestas plantadas e agregar tecnologia aos processos produtivos florestais. Além disso, deve-se ajustar o marco legal e institucional federal e prover os incentivos políticos e econômicos necessários para o País alcançar a liderança no mercado global de energia da madeira.
Especificamente, destacam-se os esforços do Governo Federal para disponibilizar milhões de hectares de florestas naturais na Amazônia para a produção sustentável de bens e serviços florestais, por meio da concessão de florestas públicas federais.
Essa política pública inovadora, ainda que recente, tem demonstrado ser muito promissora para o estabelecimento de uma economia de escala de base florestal que privilegie produtos de maior valor agregado, maximizando o aproveitamento do recurso e dos subprodutos ao longo da cadeia produtiva.
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