Como se fossem verdades eles permeiam textos até no exterior
Com o título "Loeb, o eucalipto francês" o jornalista Paulo Renato Soares, colunista do site Record, de Portugal (www.record.xl.pt), especializado em esportes, mais uma vez comete o erro que a maioria dos órgãos de imprensa - não só no Brasil - mas no mundo, vem cometendo nos últimos anos devido à falta de infomação adequada sobre o eucalipto.
Na texto ele escreve sobre o Mundial de Ralis (WRC) de 2011. Mais exatamente sobre a última prova, disputada nas florestas enlameadas do País de Gales. Paulo fala sobre o piloto francês Sébastien Loeb, de 37 anos, se referindo a ele como um corredor que "pode ser comparado a um eucalipto que vai secando tudo à volta".
Ele prossegue mais à frente fazendo outra comparação com o eucalipto, desta vez se referindo a outro mito, o que fala sobre deserto verde: "Dentro de pouco mais de 2 meses, em Mônaco, começa nova temporada. E cabe aos pilotos regar o terreno. Sob pena de o eucalipto continuar a desertificação".
Em uma discussão sobre o assunto na rede social LinkedIn, mais precisamente no grupo Celulose, Papel, Floresta e Afins, a Bacharel em Administração de Empresas, Iara Santos, levantou esta questão que foi muito bem debatida: A plantação de eucaliptos pode prejudicar os lençóis freáticos?
Não faltaram informações e discussões a respeito, mas uma delas nos chamou a atenção. A postada por Jonas Ortiz, GIS Analyst no Projeto de Integração do São Francisco, que exemplifica bem de onde vem o mito, principalmente porque ele é tão difundido na Europa. Leia:
"A lenda vem de um engano. Tempos atrás usava-se o eucalipto na Europa para drenar pântanos. Mas existe uma grande diferença entre a Europa e o Brasil. Estamos localizados em hemisférios e latitudes bem diferentes o que influencia as estações do ano. Enquanto na Europa o verão é seco, no Brasil é chuvoso, e o maior crescimento vegetativo do eucalipto ocorre justamente na época onde há maior luminosidade e temperatura. Será quando ele usará mais água, ou seja, nessa época ele irá retirar mais água do solo, e no Brasil nesse período a água será abundante, tendo sua capacidade máxima de água disponível no solo, água em excesso. Essa retirada não afetará o balanço hídrico no solo ao contrário do cenário que ocorre na Europa, onde o solo estará com déficit hídrico e portanto, o eucalipto irá consumir água presente em superfície e sub-superficie, mas não as águas presentes nos lençóis freáticos profundos, somente as dos que afloram, lençóis freáticos rasos, já que como muito bem colocado suas raízes não atingem tal profundidade. Simples e Lógico." (SIC)
Jonas cita uma das fontes mais respeitáveis quando o assunto é silvicultura, o pesquisador Celso Foelkel, que, por sua vez, indica o trabalho de Alexandre Bertola, engenheiro florestal da V&M Florestal, sobre os 100 anos do eucalipto no Brasil, que seria muito oportuno ser lido por todos os formadores de opinião deste país: http://tinyurl.com/cw4pqr2
A pergunta que não cala prossegue: quando finalmente vamos ter empresas, instituições e associações voltadas para um melhor esclarecimento da população? O seu comentário abaixo é muito bem vindo.
Fonte: Paulo Cardoso - Painel Florestal
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